sexta-feira, 15 de abril de 2011

Recomendação de filme: Acossado (1959)

"Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete,
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard"

Eduardo e Mônica - Legião Urbana




Sempre quis assistir a algum filme do Godard, pois não conhecia nada do diretor. Então, perguntei numa comunidade de Cinéfilos do Orkut: "qual filme seria interessante pra entender o espírito e o estilo do Jan-Luc Godard?". A resposta foi: Acossado ou À bout de souffle (título original que significa algo como "sem fôlego"). 

E após assistí-lo, entendi o porquê de o diretor ser tão aclamado pela crítica e louvado no cinema mundial. Lembram que na semana passada a gente falou sobre Janela Indiscreta? Pois então, aquilo é cinema americano puro! Esqueçam aquele estilo de narrativa e se despojem de qualquer vício cinematográfico para assistirem a esse filme de Godard. Abandonem preconceitos. Eu aviso: é realmente diferente do que a maioria das pessoas estão acostumadas. Um filme realmente inovador. Aliás, ele é representante de um novo gênero de cinema, uma nova forma de se produzir uma película: o movimento da Nouvelle Vague. Não vou adentrar muito nisso, mas posso dizer que foi um movimento artístico francês com base na produção cinematográfica e que se embebia do clima contestador dos anos sessenta: a ideia era transgredir todas as normas, quebrar preconceitos e não ligar para os paradigmas aceitos pela sociedade. 

Godard se insere nisso aí. E Acossado é sua obra-prima, segundo a crítica. 

E aí vem a pergunta: Mas por quê?

Vamos pegar por exemplo o filme da semana passada: Janela Indiscreta.   Se vocês lembram, ele tinha uma história com mocinhos versus bandidos. Um heroi que tem como objetivo solucionar um crime (se é que havia um crime). Ele tem diversas qualidades do sujeito-heroi: é carismático, bom, educado, faz só coisas boas, trata bem as mulheres, é justo, engraçado, encantador, entre várias outras características formadoras do heroi. Ele está ali para salvar. Essa é a missão. 

Não é mesmo, James Stewart?



Janela Indiscreta não tem gente fazendo sexo. Não faz menção ao erotismo. Ninguém fica fumando ou bebendo em demasia. Não há excessos em nenhum sentido. A estética visual é clara e objetiva. Tudo é bem "encaixadinho" e didático. Você não precisa pensar muito para entender um diálogo, uma cena, uma imagem. E o cinema americano é assim mesmo, não é? 


Acossado não é assim.

Pra começar, olha o nosso heroi:


Ok, ele não está nem aí para esse bagulho de ser heroi. A gente poderia até considerá-lo um anti-heroi. 


O nome desse ator é Jean-Paul Belmondo e sua personagem é Michel Poiccard.

Sabe-se lá de onde surgiu tal sujeito. Godard não faz questão de nos mostrar. Só nos é mostrado que ele rouba um carro em Marselha. No caminho para Paris, é descoberto pela polícia e passa a ser perseguido. Então, mata um policial e foge. 

Chegando em Paris, se encontra com a belíssima Patricia Franchini, interpretada pela atriz Jean Seberg.




Quem não se apaixonaria por uma mulher tão linda como ela?




Ela é norte-americana e aspirante a jornalista. No entanto, enquanto não segue a carreira, vive de vender jornais na Champs-Élysées (principal avenida de Pais). 

O filme fica então nesse clima de romance entre os dois, ao mesmo tempo que na tensão, pois Michael está sendo procurado. Mas ele nem liga, pra falar a verdade. O sujeito é quase aquela figura do malandro carioca dos anos 20. Ele fuma, bebe, faz maluquices, não liga pra nada, não tem ideologia nenhuma... Só quer saber de se divertir e amar a Patrícia (do jeito dele, claro). E adora pregar peças nos outros, principalmente se forem policiais. Ah, claro, ele adora um sexo também... Lógico. 

Sem contar que é fã de Humphrey Bogart (ator de Casablanca). Por isso tenta, a todo momento, imitar o estilo galanteador de Bogart. 


O filme fica nesse clima o tempo todo. Um despretensão total. Mas é muito lindo... Muito mesmo. Dizem que o Godard escrevia o roteiro aos poucos e ia entregando aos atores no decorrer do processo. E dava total liberdade para que eles atuassem da forma como quisessem (e que, de preferência, agissem naturalmente). O resultado é magnífico. Dá a impressão mesmo de que as coisas são super improvisadas. O que o torna tão real e mágico ao mesmo tempo. O carisma das personagens é grandioso. 



Mais uma vez não lhes contarei o final. Nem darei mais detalhes do que aconteceu com o casal. Ficaram juntos? Não sei. Descubram. 

Aqui vai o trailer:




O qual, aliás, é uma aula de francês! hehe E tudo o que ela cita nesse trailer faz parte do universo do filme. =)
Aqui vai um vídeo interessante. É feito com imagens de Acossado e com a música Soma, dos Strokes




Procurem aí o filme para fazer o download. Vale muito a pena! \o/


Espero que tenham gostado do post de hoje e da indicação.

Beijos do Lê. ^^


2 comentários:

  1. Essa musica *--------*
    Lê é o meu "Monica"
    Parabéns pela postagem, amei

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  2. adorei o post...
    o jeito q o Lê escreve deixa a gnt com mtaaa vontade de assistir o filmee...

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